segunda-feira, 29 de junho de 2009

Após 15 anos de real, país ainda não venceu 'herança' da inflação alta

O aniversário de 15 anos do Plano Real, no dia 1º de julho, marca o sucesso na luta pela estabilidade dos preços no país. O combate à inflação, no entanto, não acabou e ainda exige reformas, segundo o professor de economia Heron do Carmo, da Universidade de São Paulo (USP), especialista no acompanhamento de preços.



Ele diz que o principal problema relacionado à inflação atual é a indexação ainda existente na economia, uma herança dos tempos de reajustes constantes nos preços. De acordo com estimativa do economista, esse fator é responsável por 15% da inflação brasileira atualmente.



Por meio da indexação, as contas de telefone, de luz e os contratos de aluguel, por exemplo, são reajustados anualmente pelos índices de inflação. Os aluguéis são atrelados ao Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).



Por sofrer influência de preços das matérias-primas (commodities), o IGP-M repassa impactos de altas em outros produtos para o sistema todo. "Isso perturba e dá uma grande instabilidade porque repassa um choque de preços externo para o sistema interno", diz do Carmo.



Reformas

Para o economista da FGV Projetos, Fernando Blumenschein, avançar na redução da indexação envolve reformas em cada um desses setores que têm os preços indexados. "São avanços mais difíceis. Para avançar nos preços de energia elétrica seria preciso uma reforma de todo o sistema do setor elétrico. Não é uma coisa que se possa fazer sem custos", diz.



Há ainda uma dificuldade política para combater essa forma de reajuste porque ela implica perda de arrecadação. "Se nós pegarmos o total de arrecadação dos Estados com ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços), mais de 50% tem origem em combustíveis, energia elétrica e telefonia. Por isso é complicadíssimo se fazer uma redução do preço de gasolina, por exemplo", diz Carmo.

Acadêmica: Carolina Machado

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