terça-feira, 5 de maio de 2009

COMO MANTER O EMPREGO NA CRISE

Pesquisa feita com 6 mil internautas revelou que 35% das empresas brasileiras já reduziram o seu quadro de funcionários e planejam demitir mais este ano. Por outro lado, 27% das empresas não pretendem fazer alterações no número de membros das suas respectivas equipes.

"Em tempos de crise, as pessoas devem contribuir com a empresa no sentido mais amplo da palavra, oferecendo-se para ajudar no que for possível, se comprometendo com a organização, entregando os resultados que a empresa espera e evidenciando toda a flexibilidade e adaptabilidade que o momento exige", ressalta a presidente da ABRH-SP (Associação Brasileira de Recursos Humanos), Elaine Saad.

Como manter o emprego?

Caso a empresa esteja em dúvidas sobre quais empregados ela irá manter, o profissional precisa mostrar que faz a diferença para manter o seu lugar na equipe.

"As pessoas conseguem preservar o emprego quando investem em sua qualificação, mesmo sem o apoio organizacional, exigindo que o funcionário saiba para onde a sua empresa está caminhando. Além disso, acompanhar as tendências do mercado também mantém a empregabilidade, mesmo que a empresa na qual estamos atuando venha a fechar, pois estes profissionais terão melhores condições de se recolocar no mercado", destacou o presidente da ABRH-RN, Jocélio Soares.

Histórico

Para a presidente da ABRH-ES, Ângela Abdo, o histórico do trabalhador na empresa determina se ele vai prosseguir ou não na empresa em uma situação de cortes.

"Na hora da demissão, os profissionais precisam se lembrar de que a avaliação será feita em cima de seu histórico como um todo, por isso atitudes de última hora podem ser vistas como oportunistas. Mas demonstrar cooperação e solidariedade também é importante, por isso aquelas pessoas que entendem o momento da empresa, ajudam a reduzir custos e propõem soluções alternativas ajudam a fortalecer sua imagem na empresa".

De acordo com o vice-presidente de Relações Trabalhistas da ABRH- Nacional, Carlos Pessoa, ao avaliar cortes, as empresas sabem exatamente quem vão manter e quem vão demitir. "Trabalhar direito e ter atitudes corretas com o seu empregador são atributos decisivos. Em uma lista de dez colaboradores, a empresa sabe, na hora do corte, quem deve ser o primeiro e quem deve ser o último a ser dispensado. Assim, consegue manter o emprego quem trabalha para ser o último da lista".

Acadêmica: Kaline Aires

Um comentário:

  1. Você é Hands On? (Max Gehringer)



    Vi um anúncio de emprego. A vaga era de Gestor de Atendimento Interno, nome que agora se dá à Seção de Serviços Gerais. E a empresa exigia que os interessados possuíssem - sem contar a formação superior - liderança, criatividade, energia, ambição, conhecimentos de informática, fluência em inglês e não bastasse tudo isso, ainda fossem HANDS ON.

    Para o felizardo que conseguisse convencer o entrevistador de que possuía essa variada
    gama de habilidades, o salário era de 800 reais. Ou seja, nenhuma fábula... Não que esse fosse algum exemplo fora da realidade. Ao contrário, é quase o paradigma dos enúncios de emprego. A abundância de candidatos permite que as empresas levantem cada vez mais a altura da barra que o postulante terá de saltar para ser admitido.

    E muitos, de fato, saltam. E se empolgam. E aí vêm as agruras da super-qualificação, que é uma espécie do lado avesso do efeito pitico...

    Vamos supor que, após uma duríssima competição com outros candidatos tão bem preparados quanto ela, a Fabiana conseguisse ser admitida como gestora de atendimento interno.. E um de seus primeiros clientes fosse o seu Borges, Gerente da Contabilidade.

    Seu Borges: -- Fabiana, eu quero três cópias deste relatório.
    Fabiana: -- In a hurry!
    Seu Borges: -- Ãh??!!
    Fabiana: -- Seu Borges, isso quer dizer "bem rapidinho". É que eu tenho fluência em inglês. Aliás, desculpe perguntar, mas por que a empresa exige fluência em inglês se aqui só se fala português?
    Seu Borges: -- E eu sei lá? Dá para você tirar logo as cópias?
    Fabiana: -- O senhor não prefere que eu digitalize o relatório? Porque eu tenho profundos conhecimentos de informática.
    Seu Borges: -- Não, não.. Cópias normais mesmo.
    Fabiana: -- Certo. Mas eu não poderia deixar de mencionar minha criatividade. Eu já comecei a desenvolver um projeto pessoal visando eliminar 30% das cópias que tiramos.
    Seu Borges: -- Fabiana, desse jeito não vai Dar!
    Fabiana: -- E eu não sei? Preciso urgentemente de uma auxiliar.
    Seu Borges: -- Como assim???
    Fabiana: -- É que eu sou líder, e não tenho ninguém para liderar. E considero isso um desperdício do meu potencial energético.
    Seu Borges: -- Olha, neste momento, eu só preciso das três cópias.
    Fabiana: -- Com certeza. Mas antes vamos discutir meu futuro...
    Seu Borges: -- Futuro? Que futuro?
    Fabiana: -- É que eu sou ambiciosa. Já faz dois dias que eu estou aqui e ainda não aconteceu nada.
    Seu Borges: -- Fabiana, eu estou aqui há 18 anos e também não me aconteceu nada!
    Fabiana: -- Sei. Mas o senhor é hands on?
    Seu Borges: -- Hã?
    Fabiana: -- Hands on....Mão na massa.
    Seu Borges: -- Claro que sou!
    Fabiana: -- Então o senhor mesmo tira as cópias. E agora com licença que eu
    vou sair por aí explorando minhas potencialidades. Foi o que me prometeram
    quando eu fui contratada.

    Então, o mercado de trabalho está ficando dividido em duas facções:

    1 - Uma, cada vez maior, é a dos que não conseguem boas vagas porque não têm as qualificações requeridas.
    2 - E o outro grupo, pequeno, mas crescente, é o dos que são admitidos porque possuem todas as competências exigidas nos anúncios, mas não poderão usar nem metade delas, porque, no fundo, a função não precisava delas.

    Alguém ponderará - com justa razão - que a empresa está de olho no longo prazo: sendo portador de tantos talentos, o funcionário poderá ir sendo preparado para assumir responsabilidades cada vez maiores.

    Em uma empresa em que trabalhei, nós caímos nessa armadilha. Admitimos um montão de gente superqualificada. E as conversas ficaram de tão alto nível que um visitante desavisado confundiria nossa salinha do café com a Fundação Alfred Nobel.

    Pessoas superqualificadas não resolvem simples problemas!

    Um dia um grupo de marketing e finanças foi visitar uma de nossas fábricas e no meio da estrada, a van da empresa pifou. Como isso foi antes do advento do milagre do celular, o jeito era confiar no especialista, o Cleto, motorista da van.

    E aí todos descobriram que o Cleto falava inglês, tinha informática e energia e criatividade e estava fazendo pós-graduação..... só que não sabia nem abrir o capô.

    Duas horas depois, quando o pessoal ainda estava tentando destrinchar o manual do
    proprietário, passou um sujeito de bicicleta. Para horror de todos, ele falava "nóis vai" e coisas do gênero. Mas, em 2 minutos, para espanto geral, botou a van para funcionar. Deram-lhe uns trocados, e ele foi embora feliz da vida.

    Aquele ciclista anônimo era o protótipo do funcionário para quem as Empresas modernas torcem o nariz: O QUE É CAPAZ DE RESOLVER, MAS NÃO DE IMPRESSIONAR.


    Max Gehringer
    Colunista da Revista EXAME

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