sexta-feira, 29 de maio de 2009

Mudança que dá gosto

Pai e filho conquistam grandes clientes com inovações em sobremesas congeladas e esperam faturar R$ 13 milhões em 2009.

Os olhos brilham e a voz muda de timbre quando Marcelo Beyruti, 31 anos, conta à história do negócio que criou com o pai, Nelson Beyruti, 62 anos. Especializada em sobremesas congeladas, a Mr. Bey Sobremesas Premium fabrica em média 60 toneladas de doces mensalmente, distribuídos para mais de 400 cidades em 12 estados. Com conquistas dignas de grandes companhias, a fábrica de Campinas, no interior de São Paulo, tem estrutura enxuta de 100 funcionários e linha de produção que mescla processos automatizados e artesanais. Crescendo de 25% a 30% ao ano desde 2005, a Mr. Bey espera faturar R$ 13 milhões em 2009, 20% a mais do que no ano passado. Um dos ícones de seu sucesso são os supermercados Pão de Açúcar, que colocam as tortas e bolos da dupla nas prateleiras ao lado de nomes conhecidos, como a linha Miss Daisy, da Sadia. "Entrar no mercado por uma das maiores redes de supermercado do país facilitou as negociações com outros varejistas", diz Marcelo.
Apesar de a marca ter sido lançada em 2005, sua origem remonta a 1998, quando Nelson e Marcelo começaram a produzir coalhada seca. A combinação da tradição libanesa da família com a observação atenta às necessidades dos consumidores, resultou em uma mercadoria inédita: a iguaria árabe industrializada, com validade de 30 dias. O feito foi responsável por abrir as portas do Grupo Pão de Açúcar para a empresa, então batizada Alibey Alimentos Especiais. "Além de identificar uma oportunidade, eles entenderam as necessidades dos clientes em termos de qualidade, embalagens, preços e logística", afirma Roberto Nascimento de Oliveira, professor do Núcleo de Varejo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Para Mariangela Ikeda, diretora comercial de perecíveis do Grupo Pão de Açúcar, os maiores diferenciais dos Beyruti são a qualidade e a padronização, combinação difícil de encontrar entre os pequenos fornecedores de confeitaria. "São produtos voltados para as classes AA e AB", diz.
Pai e filho conseguiram tantas mudanças, sem fazer uso da terceirização, porque recrutaram profissionais tarimbados de grandes companhias para assumir todos os cargos-chave da empresa. "Se você não contrata gente qualificada, vai continuar sempre um negócio familiar e sem profissionalismo", diz Nelson. Na área comercial, a mudança adotada veio na forma de um call center interno, que telefona em dia e horário pré-combinados para cada um dos clientes e confirma os pedidos da semana. "Nossos parceiros não ligam para fazer encomendas", conta Marcelo. A ferramenta, em funcionamento há dois anos, estimula as vendas e organiza as rotas de entrega para o food service.
No entanto, o sucesso de hoje não é resultado só de acertos. Eles revelam já haver criado produtos inadequados por não terem feito pesquisa de mercado; contratando pessoas com foco diferente do deles; esquecido de comunicar departamentos a respeito de lançamentos; e errado na logística de entrega das mercadorias congeladas. Coisas da vida empreendedora. "Todos os dias tem algo para ser revisto e é preciso saber retroceder", afirma Nelson. As lições foram aprendidas e, por enquanto, a dupla tem apenas uma reclamação: "Com tanta sobremesa, está difícil manter a silhueta".

Fonte: Revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios

Academica: Vanessa Hermann

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