terça-feira, 14 de abril de 2009

CRISE 2.0 ♣

NOVA YORK - O tempo passa, o tempo voa. E quase sete meses correram desde a quebra do banco Lehman Brothers, em 15 de setembro. Foi o marco da radical piora do cenário econômico global.

A partir daquela data, a crise desceu a ladeira a uma velocidade vertiginosa, com uma sucessão de notícias negativas e surpreendentes. Em termos financeiros, nada de tão assustador e fascinante havia transcorrido diante da grande maioria até então. Foi terrível, mas foi um "show".

Mas, como sempre, essa fase vai ficando para trás.

Felizmente, e aparentemente, a deterioração já perdeu muito de sua velocidade. Ela ainda persiste, mas parece estar em "ponto morto", avançando sem a mesma aceleração. Como se a crise apenas continuasse descendo por um terreno íngreme, erodido pela explosão dos acontecimentos passados.

Mas, quando parar, esse carro da crise ainda vai levar tempo, muito tempo, para voltar a rodar.

Serão talvez anos até que todas as pessoas que perderam seus empregos (4,4 milhões nos EUA nesta recessão) voltem a ter uma oportunidade. Anos até que as milhões de lojas fechadas em todo o mundo, especialmente nos EUA, tenham demanda (e coragem) suficiente para reabrir e refazer pedidos a fornecedores.

Pesquisa entre os principais executivos dos EUA (de empresas com receitas totais de US$ 5 trilhões e 10 milhões de funcionários) nesta semana revelou que mais de dois terços ainda pretendem demitir e reduzir gastos nos próximos seis meses.

Mas a diferença entre hoje e há três meses é que não se falava só em demissão, mas na extinção completa de companhias. Como ocorreu com o próprio Lehman, com a gigante de eletrônicos Circuit City e com dezenas de outras, sem contar a combalida General Motors, ainda ameaçada.

Os valores do estrago da crise também parecem ter parado de crescer em projeções geométricas. Aos poucos, essa "precificação" vai sendo melhor ajustada.

Basicamente, dois pontos: o mundo encolherá cerca de 2% neste ano, um desastre; e os bancos ainda estão entupidos com cerca de US$ 4 trilhões em "ativos tóxicos" (que travam novos empréstimos), segundo nova estimativa do FMI (é torcer para que pare aí).

Mas essa ainda é uma crise que pode se alimentar continuamente em um ciclo vicioso: a falta de crédito inibe o consumo; as empresas vendem menos e demitem mais; as pessoas perdem salários e empregos e deixam de pagar suas dívidas; os bancos levam calote e emprestam cada vez menos.

E assim sucessivamente, com muitas variações sobre o mesmo tema.

Por isso, e sob qualquer aspecto, é surpreendente o fato de muitos (e a recente melhora das Bolsas reflete isso) estarem começando a se entusiasmar com uma recuperação bem menos dolorosa.

Acadêmica: FERNANDA SCUSSIATO LAGO ❀

Um comentário:

  1. Ontem(14-04),nosso Presidente Lula teve a coragem de dizer em uma entrevista que foi ao ar no Jornal da Globo, que "50% da crise é Pânico".
    Não sei onde o nosso presidente se informa, por que o setor de produção o que mais emprega no país, atingiu um nível critico, difícil de ser resolvido.

    Amanda Braga

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