domingo, 12 de abril de 2009

EXECUTIVO DA GOL

O voo mais difícil de Constantino Ele comprou a Varig e agora enfrenta o momento mais complicado da história da Gol, com prejuízo recorde e queda das ações. A estratégia de Constantino Junior para fazer sua empresa decolar de novoPOR AMAURI SEGALLA, FOTOS CLAUDIO GATTI

CONFIANÇA: o dono da Gol virou a empresa pelo avesso e promete retomar a rota dos lucros

A OS 40 ANOS, O empresário Constantino de Oliveira Junior já fez muita coisa na vida. Aos 15, aprendeu a pilotar avião. Aos 22, foi vicecampeão da Fórmula 3 Sul-Americana, uma das categorias que precedem a Fórmula 1. Aos 32, fundou uma companhia aérea, a Gol, e revolucionou o setor com um modelo de negócios inspirado nas empresas americanas de baixo custo e serviço ágil. Na aviação, passou por quase tudo. Viu sua companhia crescer a ponto de incomodar a líder do mercado brasileiro, investiu em rotas internacionais, abriu o capital da empresa, hoje listada nas Bolsas de São Paulo e Nova York, e entrou no grupo dos homens mais ricos do mundo da revista Forbes. Em 2006, no auge do sucesso, um Boeing 737-800 da Gol caiu na selva amazônica depois de colidir com um Legacy da Embraer, matando seus 154 ocupantes. Constantino teve de ir a público dar satisfações, mas a tragédia não afetou a imagem da companhia (mais tarde, uma CPI culpou os pilotos do Legacy pelo acidente). Em 2007, aos 38 anos, comprou a Varig, a marca mais tradicional da aviação brasileira, por US$ 320 milhões. Depois de fazer fortuna no setor, Constantino vive agora um revés inédito. Dias atrás, a Gol anunciou prejuízo recorde de R$ 1,38 bilhão. Sua participação no mercado diminuiu, voos internacionais foram cancelados e as ações preferenciais da empresa despencaram 77%. "O ano de 2008 foi marcado por uma significativa transformação na Gol", diz Constantino.

"Unifica-mos a operação com a Varig, fizemos uma profunda arrumação na casa, ajustamos o que não funcionava. Não é um momento difícil que vai abalar a companhia."
Constantino é hoje um homem diferente daquele que fundou a Gol em 2001. O ar de garotão deu lugar a um semblante mais sério e já se notam alguns fios brancos nos cabelos penteados para trás. Na condição de executivo de uma das maiores empresas do País, ele enfrenta agora o seu maior teste, com a responsabilidade de fazer a empresa retomar a rota dos lucros. O que não mudou é a confiança inabalável na companhia. "O final de 2008 e o começo de 2009 já revelam um período muito mais saudável", diz o empresário. "Os números do último trimestre de 2008 comprovam que nossa operação voltou a ser rentável." Nos três últimos meses do ano passado, a Gol obteve lucro operacional de R$ 53,9 milhões. O resultado financeiro, porém, foi negativo em R$ 700 milhões. Isso se deve principalmente ao impacto que a desvalorização cambial teve sobre a empresa. Sozinho, o câmbio fez a Gol perder R$ 501,9 milhões nos três últimos meses do ano passado. A TAM enfrentou o mesmo problema. Em termos de prejuízo, a líder do mercado brasileiro e a Gol praticamente empataram no ano passado. A TAM perdeu R$ 1,36 bilhão, pouco menos que a concorrente. O que assusta é que as gigantes aéreas tiveram um desempenho ruim mesmo dominando mais de 90% do mercado, num cenário de duopólio. David Barioni, presidente da TAM, atribuiu o resultado às perdas com operação de hedge de combustível e à depreciação do real. A diferença é que a TAM registrou um lucro operacional alentado, de R$ 688 milhões. "O principal problema para as duas empresas foi mesmo a questão cambial e a forte oscilação do preço do petróleo", afirma André Castellini, consultor especializado em aviação.
academico: Aguianldo brandielli

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